[Blogagem Coletiva] Das cartas que eu nunca te escrevi

Este post faz parte do Rotaroots, um grupo de blogueiros saudosistas que resgata a velha e verdadeira paixão por manter seus diários virtuais. Todas as minhas postagens são da minha infância e/ou adolescência e vão até o ano de 2008, quando fiz 18 anos. Para ler todos os meus posts do Rotaroots, clique aqui. Quer participar? Então faça parte do nosso grupo no Facebook e inscreva-se no Rotation.

» Sim, nós amamos cartas. E agora convidamos você a escrever uma carta que você sempre sentiu vontade de escrever, mas nunca o fez. Para o amor da adolescência, para sua mãe, pro seu pai, pra sua melhor amiga, pro seu cachorro, pra Xuxa... Você escolhe, escreve e publica.



Pig,

Oi minha linda, tudo bem? Já faz muito tempo que você se foi, mas eu nunca te esqueci, volta e meia ainda me lembro de você com saudades, afinal nós passamos muitos anos juntas, e isso não é coisa que se esquece.

Eu só tinha quatro meses quando você nasceu e meus pais resolveram te adotar. Nós crescemos juntas. Eu nunca fui de ficar te agarrando e apertando como uma “Felícia” da vida porque você não gostava, sempre foi bastante invocadinha, e eu não duvidava que você pudesse me morder. Você não gostava de quem você não conhecia, latia pra todo mundo que passava em frente ao nosso portão. Quando chegava visita em casa, ficava uns cinco minutos latindo para elas também até finalmente sossegar. Claro que você nunca mordeu ninguém, só latia mesmo. Lembrar disso agora já me fez abrir um sorriso de saudades.

Ainda assim eu gostava demais de você. Você não dava um pingo de trabalho, até para tomar banho você entrava no box sem choramingar e ficava quietinha enquanto minha mãe te esfregava. Eu passeava com você na coleira e você adorava. Eu falava com você toda feliz dizendo o quanto você era fofa e você já se derretia toda animada, pulando de um lado para o outro a abanando o rabo. Claro que você não entendia uma palavra do que eu dizia, mas você sabia interpretar os sinais, e só de ver o sorriso no meu rosto enquanto eu olhava pra você já era suficiente. Toda santa vez que eu chegava em casa você vinha correndo, latindo de felicidade ao meu redor. <3

Ficamos juntas durante doze anos, isso é uma vida inteira, não teria como eu não ficar marcada. Você já estava bem velhinha quando nasceu aquele tumor na sua pata da frente e começou a andar mancando, e isso para uma cadela já com idade avançada não era muito bom. Meus pais te levaram ao veterinário que disse que só cirurgia tiraria aquilo, e você já sendo velhinha não era muito recomendado. Você estava sofrendo, e a saída foi deixar te levarem sem dor.

Chorei muito quando minha mãe chegou em casa sem você naquela noite e contou o que aconteceu. Eu vi quando minha mãe estava se arrumando para te levar ao veterinário. Eu não fui junto, portanto corri para o carro onde você já estava deitada, quietinha, antes de te levarem. Eu passei a mão na sua cabeça e você olhou para mim em silêncio. Isso foi tudo.

Tem quem diga que prefere não ter animais de estimação porque acabaria se apegando e então ele morreria cedo demais (10 ou 15 anos é cedo). Mas eu digo que vale sim muito a pena. A gente muda a vida para melhor daquele animal que a gente adota, e o que ele faz é dar lealdade e amor pelo resto da sua vida. Então, por mais que a gente sofra quando chega o dia da sua partida, vale muito a pena.

Obrigada por todos esses anos juntas, minha infância inteira. Jamais vou te esquecer! <3

Com amor,

Renata


PIG
(24/01/1991 – 12/01/2003)

P.S.: Minha mãe deu para ela o nome “Pig” (“porco”, em inglês) porque ela tinha o tamanho de um leitão mesmo. Só por causa disso, hehe.


Até me veio lágrimas aos olhos só de escrever essa carta. Essa cadela me marcou demais, é por isso que eu amo tanto animais de estimação. Aqui em casa nós nunca mais tivemos nenhum outro cachorro porque a partir de 2002 nossa rotina mudou como acontece com toda família: trabalhos/escolas novos, e por isso o tempo de cuidar de um cachorro (que necessita tanto de atenção) diminuiu, infelizmente.

Mas nós tivemos alguns gatos que também foram igualmente importantes e que eu amei muito. Hoje em dia, no apartamento que moramos, temos dois gatos lindos que são nossos amores: Lylú e Garu.


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4 comments

  1. Oi Renata.
    Emocionante sua carta, adorei.
    Sempre amei cachorros, eles nos ensinam muito, principalmente a amar incondicionalmente.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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    1. Isso é verdade, cachorros são mais fiéis do que qualquer pessoa possa vir a ser, eles nos colocam num patamar elevado que a gente não merece, nos endeusa quando na verdade são eles os que realmente merecem reverencia, pelo menos é o que eu acho.
      A gente pode aprender muito com a lealdade de um animal de estimação.

      Beijos!

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  2. Ai, Re. Eu me emociono a cada vez que leio uma história dessas. Tenho a Laica em casa, e nem posso imaginar a dor que vou sentir quando ela se for. A gente se apega de uma forma pura, como se esses pequenos fossem nossa família. E são mesmo. E sim, apesar da dor de vê-los partir, vale a pena pois aqui em casa, todos se tornaram pessoas mais alegres depois que ela chegou. Adorei sua carta.
    Beijos.

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    1. Pois é, minha mãe vive dizendo que dá muito trabalho ter um bicho de estimação. Já tivemos essa cadela, a Pig, e hoje temos dois gatos. Mas todo o trabalho vale muito a pena, já que a felicidade que eles trazem junto com eles no momento em que entram em casa pela primeira vez é maravilhoso. <3

      Beijos!

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