O +QP (Mais Que Palavras) é um grupo no Facebook que propõe temas mensais de escrita para desenvolvermos mais nossa criatividade na hora da dissertação de textos, contos, crônicas, poesias e o que mais quisermos. É um empurrãozinho para sairmos da nossa zona de conforto e nos aventurarmos a bolar textos cada vez mais elaborados e criativos. Todo mês é selecionado um tema, mediante votação, e você tem até o último dia do mês para publicar seu texto no seu blog. Para saber mais, conheça o grupo.
» “Uma menininha tem medo do
monstro debaixo da cama dela, mas o que ela não sabe é que ele está ali para
protege-la dos monstros reais: seus pais.”
Foto: Annan Adored |
Uma Sensação Estranha
Era tarde da noite e a chuva
não cessava lá fora. Mas apesar da intensa claridade que os raios provocavam e
do som alto que os trovões emitiam, não era disso que Sofia tinha medo. Ela
sentia que não estava sozinha no quarto, noite após noite ela vinha tendo a
sensação de que havia mais alguém naquele quarto escuro, mas essa noite foi a
noite que ela passou a ter certeza.
Todas as manhãs Sofia se
agachava e verificava debaixo de sua cama, e todas as manhãs ela estava sempre
vazia. Mas quando anoitecei e ela já não tinha mais coragem de olhar lá
embaixo, era quando a sensação ficava mais forte. Alguém ou alguma coisa vigiava
seu sono. O medo por essa presença aumentava quando ela estava inquieta, mas diminuía
até cessar conforme ela caía no sono.
Sofia já comentou isso com
seus pais várias vezes. No início eles estavam sempre entediados, revirando os
olhos para aquela “fantasia de criança”, como diziam, e se afastavam dela. Mas
Sofia, cada vez mais assustada, insistia muito com os pais, até que com o tempo
o tédio foi se transformando em impaciência e raiva. Chegou uma época em que
eles brigaram com ela, afirmando que não tinha nada embaixo da cama dela, que
era tudo fruto da cabeça dela, e que não queriam mais ser incomodados, e assim,
o pai se trancava no escritório e a mãe ficava sozinha na cozinha, junto a uma
garrafa de vodca.
Então, como se não bastasse
ter que lidar com o monstro debaixo da cama, Sofia também tinha que se virar
sozinha, sem poder contar com o apoio dos pais que não queriam ser incomodados.
Aquilo passou a deixa-la com medo da fúria dos próprios pais e também muito
triste. Não tinha mais a atenção deles e ficava sozinha sempre, ignorada por aqueles que deveriam cuidar
dela e protege-la de monstros.
A sensação de medo se
intensificou, mais do que o normal, e Sofia puxou o cobertor até a cabeça.
Tremia descontroladamente e chorava. Queria gritar pelos pais, mas não o fez,
pois sabia que isso só despertaria a fúria deles. Ela sentiu algo que se
arrastou pelo chão e depois se ergueu, se aproximou e ficou bem perto dela. É
isso, era o fim.
Um braço quente envolveu sua
cintura, e ao invés de aterrorizá-la, inacreditavelmente aquilo a deixou
tranquila, passou-lhe uma sensação de segurança que ela já não sentia há muito
tempo. Inexplicavelmente, o medo foi deixando seu corpo, os tremores pararam e
as lágrimas cessaram. O que significava aquilo? Tirou o cobertor da cabeça e
virou-se.
Não enxergou nada, o quarto
estava num breu intenso onde não se podia ver um palmo a sua frente, mas ela
sentia que tinha algo ou alguém ali perto que a confortava. Seja o que fosse,
estava levando embora seu medo e tranquilizando-a.
Uma intensa sensação de paz a
inundou e Sofia não teve mais medo. Mal conseguia acreditar no que sentia, mas
ela sabia que era real. Sabia que o “monstro” passaria a ser seu amigo, lhe
daria conforto e isso a fez suspirar aliviada. Sofia soube então que poderia
contar com ele sempre que se sentisse sozinha, recorrer a ele quando e onde precisasse.
Teria sempre um amigo com quem pudesse contar, um amigo que cuidaria dela e a protegeria de seus pais.
– Renata Carvalho
(14.07.2015)
Foi um desafio e tanto
escrever um conto, essa não é muito a minha área e levei uns dias para pensar
numa história legal. Decidi escrever sobre um casal que não estava mais feliz
no seu casamento, e dessa forma acabaram negligenciando a única filha, fruto
daquele casamento conturbado. A filha, sentindo-se sozinha, acabou encontrando
conforto na sua imaginação, e sem saber criou um amigo imaginário para estar
com ela sempre, onde e quando precisasse.
Achei a sinopse muito boa, mas
acho que eu não soube desenvolver muito bem, acredito que poderia ter feito
melhor, enfim, espero que mesmo assim tenham gostado! :)
Gostei da historia.. arrasou !
ResponderExcluirBeijos, <3
Tá rolando um concurso cultural muito legal lá no meu blog, te espero lá!
http://www.paaradateen.com/2015/06/promocao-witch-presentes-blog-parada.html