Depois de tanto tempo que me comprometi com esse projeto gigantesco de assistir todos os filmes que ganharam a categoria de Melhor Filme no Oscar desde que ele foi criado em 1929 e voltar aqui para contar o que achei, finalmente saiu o primeiro post falando sobre os filmes da década de 1930 e devo confessar que foi uma experiência bem interessante que eu não estava muito acostumada.
São produções bem características da época, ou seja, os filmes contam as histórias de forma arrastada, detalhada, contemplativa, então por conta disso não são muito fáceis de assistir. Também são todos em preto e branco, porém já falados em sua maioria (filme mudo foi só o primeiro). E obviamente, abordam bastante os temas que eram novidades na época como a virada do século XIX para XX, o naufrágio do Titanic, a Primeira Guerra Mundial, a quebra da bolsa de valores etc.
Eu assisti esses filmes através do Cinema Livre, que disponibiliza todos eles de forma completa e legendada, sem nenhuma dor de cabeça para procurar esses filmes antigos pela Internet. Vale muito a pena.
Post onde eu falo sobre esse projeto: Vencedores do Oscar de Melhor Filme
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Oscar de 1929: Asas
Direção: William A. Wellman
Estúdio: Paramount
Lançamento: 1927
Duração: 2h24min
Gênero: Drama, Guerra, Romance
Sinopse: Dois jovens, um rico e outro de classe média, apaixonados pela mesma mulher, tornam-se pilotos de caça na Primeira Guerra Mundial. E o que começou como rivalidade entre eles, torna-se uma grande amizade e parceria durante esses tempos difíceis.
O que achei: Na cerimônia de premiação de 1929 (ano de sua criação), estavam concorrendo filmes que foram lançados em 1927 e 1928. Foi dessa maneira que Asas (1927) conseguiu concorrer e acabou vencendo o primeiro Oscar de Melhor Filme.
O filme é mudo e em preto e branco. Eu assisti e confesso que não foi fácil porque o filme acaba sendo um pouco cansativo, não apenas por ser enorme (tem uma pausa para fazer um intervalo no meio do filme), mas também por ter várias cenas longas de batalhas aéreas. Entretanto, é preciso levar em consideração a época em que foi lançado, no qual tudo isso era comum e apreciado. E ele merece o crédito pelas cenas de guerra e pela história em si dos personagens que eram inovadores na época.
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Oscar de 1930: Melodia da Broadway
Direção: Harrt Beaumont
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Lançamento: 1929
Duração: 1h40min
Gênero: Drama, Musical, Romance
Sinopse: O filme relata os romances das estrelas de musicais do famoso bairro teatral de Nova York, a Broadway. Queenie e Hank Mahoney são duas irmãs que se apaixonam pelo mesmo homem, Eddie Kearns.
O que achei: A nível de curiosidade, eu gostei bastante de conhecer como era um musical daquela época em que o cinema falado estava apenas começando. O filme tem vários números de canto e dança bem característicos dos anos 20 (obviamente) e aquela famosa história clichê e batida (porém que na época era novidade) de duas garotas apaixonadas pelo mesmo homem. E foi o primeiro filme falado a ganhar o Oscar de Melhor Filme.
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Oscar de 1931: Sem Novidade no Front
Direção: Lewis Milestone
Estúdio: Universal Pictures
Lançamento: 1930
Duração: 2h32min
Gênero: Drama, Guerra
Sinopse: Um jovem alemão entra na Primeira Guerra Mundial com entusiasmo, a fim de mostrar-se corajoso e se tornar um herói, no entanto, mais tarde fica claro que não há nada de heroico em fazer parte de uma guerra sem sentido algum – uma opinião diferente à daqueles que estão por fora dela.
O que achei: Esse é um dos maiores filmes antiguerra que existem. Fiquei bastante impactada com o quão detalhista o filme é, não poupando de nos mostrar claramente os horrores da guerra, tantas pessoas morrendo nas trincheiras e esquecidas, e como ainda tem gente que defende isso até hoje, encorajando os jovens a morrerem por um país que não liga para eles. Uma história bem forte baseada no livro de um soldado alemão que passou por isso aos 18 anos. Esse foi o filme mais impactante pra mim e o meu favorito dessa década.
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Oscar de 1932: Cimarron
Direção: Wesley Ruggles
Estúdio: RKO Radio Pictures
Lançamento: 1931
Duração: 2h03min
Gênero: Drama, Faroeste, Histórico
Sinopse: Quando o governo abre o território de Oklahoma para assentamento, o inquieto Yancey Cravat reivindica um pedaço de terra livre e se muda com sua família para lá. Jornalista, advogado e tudo o mais, Cravat logo se torna um importante cidadão da próspera cidade de Osage. Uma vez estabelecida a cidade, ele começa a se sentir confinado e parte para outro lugar, abandonando sua família. Durante esta e outras ausências, sua esposa Sabra precisa aprender a cuidar de si mesma e logo se destaca por seus próprios méritos.
O que achei: Um filme histórico que mostra a expansão territorial dos Estados Unidos entre os anos 1889 e 1929 através de uma família que vive isso. Achei interessante acompanhar o crescimento da cidade e a mudança de figurinos conforme o tempo passava nesse período. Porém, a história dos personagens ficou sem sentido para mim. O protagonista Yancey Cravat representa o desejo pelo progresso, expansão de novas terras e, por conta disso, some duas vezes na história para buscar isso, abandonando a esposa e filhos que precisam se virarem sozinhos. É um filme que tem mais simbolismos do que história.
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Oscar de 1933: Grande Hotel
Direção: Edmund Goulding
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Lançamento: 1932
Duração: 1h52min
Gênero: Drama, Romance
Sinopse: A dançarina Grusinskaya não acredita no amor e não tem um rumo para sua vida, mas isso muda quando ela conhece o falido barão Felix von Geigern. Este, por sua vez, se torna amigo de Otto Kringelein, um homem que descobriu que está à beira da morte e decide passar seus últimos dias no luxuoso hotel que seu patrão está hospedado, um rico empresário que pretende fechar um grande negócio e que conta com os serviços da taquígrafa Flaemmchen.
O que achei: Este foi o único filme da história do Oscar a levar o prêmio principal (Melhor Filme) sem concorrer em mais nenhuma outra categoria, o que foi uma injustiça não ter sido lembrado em Melhor Direção de Arte, uma vez que o grandioso e luxuoso hotel é o personagem principal, local onde são abordadas diversas narrativas paralelas dos personagens que ali estão hospedados. Conseguimos acompanhar as várias histórias distintas sem ficarmos confusos, pois elas se interconectam de uma maneira ou de outra.
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Oscar de 1934: Cavalgada
Direção: Frank Lloyd
Estúdio: Fox Film Corporation
Lançamento: 1933
Duração: 1h52min
Gênero: Drama, Guerra, Romance
Sinopse: Uma cavalgada pela vida na Inglaterra, da noite do último dia de 1899 até 1933, através dos olhos dos londrinos Jane e Robert Marryot. Muitos acontecimentos se destacam como a guerra do Bôeres, a morte da Rainha Victoria, o naufrágio do Titanic, a Primeira Guerra Mundial, entre outros.
O que achei: O filme faz uma pincelada superficial sobre alguns dos mais importantes acontecimentos que abalaram o mundo nas duas primeiras décadas do século XX. No contexto histórico, é interessante acompanharmos esses acontecimentos marcantes e famosos, mas sobre a narrativa, o filme deixa muito a desejar, mostrando uma família otimista e bem-humorada que passa por várias perdas e ganhos ao longo desse tempo, para passar uma mensagem vaga de esperança, valor à pátria e saudade dos que partiram lutando pelo país (obviamente Estados Unidos).
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Oscar de 1935: Aconteceu Naquela Noite
Direção: Frank Capra
Estúdio: Columbia Pictures
Lançamento: 1934
Duração: 1h45min
Gênero: Comédia, Romance
Sinopse: Um repórter malandro e uma jovem herdeira maluca se conhecem em um ônibus com destino a Nova York e acabam presos um ao outro quando o ônibus os deixa para trás em uma das paradas.
O que achei: Um filme leve e divertido feito em uma época em que a população estadunidense precisava, mais do que nunca, se distrair através da arte para esquecer seus problemas diários, uma vez que estavam sofrendo as consequências da quebra da bolsa de valores de 29. O filme se tornou referência para a dinâmica de casais na tela que se estranham de início e não se suportam, mas ao se conhecerem melhor com o tempo, acabam se gostando. Uma coisa que hoje é vista como clichê, mas que foi revolucionária na época.
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Oscar de 1936: O Grande Motim
Direção: Frank Lloyd
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Lançamento: 1935
Duração: 2h12min
Gênero: Aventura, Drama, Histórico
Sinopse: O filme relata a história verídica, ocorrida em 1789, do marinheiro Fletcher Christian, que liderou um motim no navio inglês HMS Bounty, por não concordar com a forma cruel com que o Capitão William Blight o comandava. Esse acontecimento levou a uma reformulação na forma como os capitães da marinha britânica passariam a comandar seus navios.
O que achei: Um filme tecnicamente impressionante para a época, uma vez que as filmagens foram realmente feitas no mar, o que passa uma grande veracidade. E as duas forças opostas, vividas pelo herói Fletcher Christian e o vilão Capitão Blight, são muito bons e extremamente convincentes nos seus papéis, sendo muito interessante observar a dinâmica entre os dois personagens em tela.
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Oscar de 1937: Ziegfeld – O Criador de Estrelas
Direção: Robert Z. Leonard
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Lançamento: 1936
Duração: 2h56min
Gênero: Drama, Musical, Romance
Sinopse: O filme retrata a vida de Florenz Ziegfeld, um dos maiores empresários do showbusiness norte-americano no início do século XX. Incluindo seus casos com artistas de seus espetáculos, seu casamento com Anna Held e a crise após a quebra da bolsa de valores em 1929.
O que achei: É um filme grandioso do começo ao fim, não poupando de nos mostrar por inteiro, durante 3 horas, os vários espetáculos e números musicais idealizados por Ziegfeld. Tudo isso acaba sendo um grande exagero em termos de narrativa, quebrando um pouco o ritmo da história para focar nas muitas danças e canções. Não são ruins, mas acabam ficando extremamente cansativos depois de um tempo. O filme atira para todos os lados e acaba acertando em vários alvos, mas deixa escapar alguns essenciais.
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Oscar de 1938: Emile Zola
Direção: William Dieterle
Estúdio: Warner Bros. Pictures
Lançamento: 1937
Duração: 1h56min
Gênero: Drama, Histórico
Sinopse: O filme narra a ascensão do escritor francês Emile Zola e seu envolvimento na defesa do capitão Alfred Dreyfus, um militar condenado injustamente sob a acusação de traição apenas por ser um judeu. Zola passa a se interessar pelo caso quando é procurado pela esposa de Dreyfus, e desafia os militares publicando “J’accuse”, um manifesto a favor do capitão.
O que achei: O filme não se preocupa em narrar toda a vida de uma pessoa tão complexa como o popular autor francês Emile Zola, apenas faz uma pincelada geral para conhecermos sua personalidade, o motivo de ser famoso e a sociedade francesa na transição do século XIX para o XX. Tudo isso para chegar ao verdadeiro foco do filme que é o Caso Dreyfus, onde acompanhamos Zola defender o capitão diante de um tribunal e da opinião pública por mais de três quartos do filme até a sua conclusão.
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Oscar de 1939: Do Mundo Nada se Leva
Direção: Frank Capra
Estúdio: Columbia Pictures
Lançamento: 1938
Duração: 2h06min
Gênero: Comédia, Romance
Sinopse: Tony Kirby, o filho de um empresário rico e influente, resolve se casar com Alice Sycamore, uma moça simples, vinda de uma família de pessoas extrovertidas e malucas, o que gera um choque de comportamentos. Enquanto isso, o pai do rapaz pretende erguer um importante empreendimento e já comprou todos os imóveis da região onde a família da moça vive, exceto a casa dela. Como a família da moça se recusa a vender a casa, e sem esse imóvel o projeto não pode seguir adiante, todos acabam se enfrentando.
O que achei: Fica bem evidente o contraste e a incompatibilidade das famílias do casal protagonista, de modo a retratar as adversidades do amor e a luta de ambos para que possam ficar juntos. Outra mensagem que o filme passa é a do banqueiro perceber que há coisas mais valiosas do que o dinheiro, e com esse ensinamento as famílias terminam reunidas e felizes. É um filme bem utópico.
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